Por Christopher P. Cavas
O caça Gripen da SAAB, por anos foi visto como um coadjuvante em competições internacionais, mas agora, deixou de ser coadjuvante para ser um dos “atores principais”.
A trajetória começou a mudar em outubro com a finalização do programa F-X2 para vender 36 caças Gripen NG para o Brasil e em 2015, o compromisso do governo sueco para comprar 60 caças JAS 39 Gripen E e F.
“Nossa carteira de pedidos está em um ponto mais alto”, disse Ulf Nilsson, diretor da SAAB aos repórteres em uma turnê de imprensa patrocinada pela SAAB.
A escolha brasileira do Gripen NG, foi anunciado em dezembro de 2013, pondo fim a uma competição de muito anos entre a SAAB, a Boeing e a Dassault. Um contrato para finalizar o negócio foi assinado em outubro para 28 Gripen NG monoplace e oito biplaces.
O negócio brasileiro, disse Nilsson, foi “uma virada de jogo. Antes o Gripen era uma aeronave à procura de um mercado, agora é um mercado procurando o Gripen. E podemos ver que a vitória no Brasil, o caça se tornou mais global, mudando a forma como nos comunicamos.”
O programa F-X2 teve um outro impulso com o anúncio de um acordo de gestão conjunta com a fabricante brasileira Embraer, que irá produzir a maior parte da aeronave no Brasil sob um acordo de transferência de tecnologia.
Um acordo de aquisição de armas com o Brasil foi anunciado no último dia 24 de abril, mas a SAAB não pode comentar.
O negócio brasileiro – o maior contrato de exportação do Gripen – inclui disposições para a transferência de tecnologia e cooperação industrial extensas. E o acordo com a Embraer para produzir novas aeronaves no Brasil poderá ter implicações mais amplas.
“Nós olhamos para a Embraer como outra linha de produção para Gripen”, disse Jerker Ahlqvist, vice-presidente da SAAB na área de negócios. Caso mais pedidos se materializem, os Gripens poderão ser produzidos no Brasil para venda a outros países no âmbito de acordos de t venture. Embora, aponta Nilsson, “nós tenhamos que aplicar as regras de exportação suecas”, que incluem proibições de venda de armas para certos países.
O Brasil se comprometeu a comprar 36 aeronaves “, a exigência é para mais de 100 aeronaves”, Ahlqvist observou. “Nós acreditamos que eles estão trabalhando para a compra em três lotes”, embora nenhum novo lote antes de 2019.
A SAAB está comercializando ativamente várias versões do Gripen e seus sistemas de combate. O Gripen C e D podem ser comprados ou alugados. Alguns C e D são modelos A e B atualizados, anteriormente utilizados pela Força Aérea Sueca, enquanto outras aeronaves foram construídas novas. As aeronaves NG, E e F, são novas e a produção dos primeiros modelos E da Força Aérea Sueca, já começou.
Armas e sensores são controlados pelo sistema de material da SAAB (MS), e pacotes de software da SAAB, como a versão MS19, estão instaladas nos Gripens C e D. A partir deste ano, no entanto, a atualização MS20 estará sendo oferecida, o que inclui a primeira capacidade operacional do míssil ar-ar Meteor da MBDA, altamente elogiado. Ensaios de qualificação foram concluídos no ano ado, e os executivos da SAAB orgulhosamente apontam o Gripen como o primeiro caça operacional da nova arma.
“A adição do míssil Meteor, faz com que a plataforma Gripen fique ainda mais formidável no combate aéreo”, declarou Ahlqvist. O míssil vai se tornar operacional na Força Aérea da Suécia em 2016.
E enquanto um novo radar de varredura eletrônica ativa (AESA) está sendo desenvolvido para o Gripen E/F, a SAAB desenvolveu uma nova versão Mark 4 do seu radar PS-05/A para o C e D.
O radar Mark 4 duplica essencialmente as gamas de detecção ar-ar e ar-terra, disse Ahlqvist, melhorando as habilidades para detectar alvos de seção transversal muito baixa por radar.
O sistema, acrescentou, “oferece crescimento funcional significativo por meio de atualizações de software e oferece a integração de mísseis Meteor.” O impacto na modernização dos radares Mark 3 para Mark 4 é “muito pequeno, um mínimo absoluto, podendo facilmente alternar a configuração entre Mark 3 e Mark 4.”
Sete forças aéreas operam ou estão em vias de operar o Gripen, juntamente com uma aeronave de testes britânica(Gripen D). O último dos 75 Gripen C foi entregue à Força Aérea da Suécia este ano, e não existe mais C ou D para fabricar.
Operadores atuais incluem: 254s1q
– Suécia – 75 C, 25 D, ordem para 60 E e F*
– África do Sul – 17 C, 9 D
– Tailândia – 8 C, 4 D
– Brasil – 36
– A República Checa – 12 C, 2 D
– Hungria – 12 C, 2 D e a escola de piloto de testes britânica operam aeronaves arrendadas, a Eslováquia escolheu o Gripen, em um acordo que ainda está sendo finalizado.
E com compromissos para, pelo menos, 96 novas aeronaves, a Saab está vislumbrando mais vendas para o Gripen. A empresa, disse Ahlqvist, vê um mercado mundial para 300 a 450 aviões de caça ao longo dos próximos 20 anos, excluindo os mercados onde as regulamentações suecas excluem a SAAB de participar de concorrências em mercados que incluem muitas das forças aéreas na região do Golfo Arábico. Mas, Ahlqvist observou, a abundância de outros mercados está aberta.
No norte da Europa, ele disse, “A Finlândia é um país muito interessante para nós. Eles têm um processo longo, mas é também bastante encorajador, e nós sabemos o que podemos esperar. Nós estamos olhando para receber um pedido de informações no início do próximo ano, um pedido de proposta em 2018 e um contrato para algo em torno de 2020.”
Os finlandeses, disse Ahlqvist, devem pedir 40 a 60 aeronaves”, e vemos que o Gripen tem uma boa chance na Finlândia.” Na competição, terão o F-35 e o Eurofighter Typhoon.
Um certo número de forças aéreas na Europa Central e Oriental deverá substituir seus velhos caças russos, observou ele. “Recentemente, a Croácia anunciou um programa, que em breve deverá nomear uma aeronave no próximo ano, para substituir os MiG-21.” A Bulgária terá de substituir seus MiG-29. “Isso vai ser uma competição feroz com caças F-16, mas acreditamos que há um futuro para nós lá.” A Áustria, observou Ahlqvist, deverá substituir seus Eurofighter T-1s”, mas provavelmente isso ainda levará alguns anos.”A SAAB não é muito ativa na Áustria, no momento ele reconheceu,” mas talvez em três ou quatro anos isso poderá mudar.”
A SAAB também espera a Suíça para retornar a negociação do caça em poucos anos, apesar da rejeição pública em 2014 do programa de substituição dos caças, que tinha escolhido o Gripen. “Acreditamos que os suíços vão voltar com novos pedidos de propostas”, disse ele.
A região Ásia-Pacífico é vista como uma área com grande potencial de vendas para o Gripen.
“Nós sabemos que a Malásia está interessada, disse Ahlqvist,” e a Indonésia iniciou um programa de substituição de seus F-5. Eles querem algo tão cedo quanto 2019. Nós sabemos que há uma tradição lá de comprar material russo, mas o novo presidente quer um processo de licitação transparente, e acreditamos que temos uma boa chance lá.”
A Índia, que escolheu o Rafale sobre o Gripen na competição Medium Multi-Role Combat Aircraft, permanece “sempre com interesse”, disse Ahlqvist. “Nós sabemos que há algo mais necessário. Eles estão lutando com seu programa Light Combat Aircraft (LCA), e deve haver um requisito para algo mais, e nós estamos lá com a proposta de transferência tecnológica e a cooperação industrial.”
O programa LCA poderia envolver 150 a 200 aeronaves, observou ele, “por isso é muito interessante para nós. Estamos prontos para fazer um programa muito abrangente na Índia.”
A empresa está de olho nas Filipinas, disse Ahlqvist. “Tivemos algumas questões das Filipinas, mas não há nenhum processo formal em curso. Mas estamos mantendo nossos ouvidos abertos.”
A SAAB tem “uma forte relação com a África do Sul”, observou Ahlqvist,”e a partir dessa base que nós estamos monitorando o que está acontecendo na África. “Botswana é uma das economias de mais rápido crescimento na África”, e está estudando substituir os seus caças F-5 dentro de dois a cinco anos, disse ele. O Quênia tem um forte interesse no Gripen, mas há incerteza sobre quando eles poderão ter dinheiro para um programa desse tipo.”
A Namíbia tem ambições, eles querem se livrar de seus aviões chineses e encontrar outra coisa. Mas, novamente, a incerteza sobre onde iria encontrar o dinheiro, embora recentemente eles tenham descoberto petróleo e gás. Mas nós provavelmente estamos falando de cinco a dez anos antes de acontecer alguma coisa lá.”
A SAAB gostaria de melhorar as oportunidades de marketing na América do Sul, particularmente com o seu parceiro de fabricação Embraer.
“Sabemos que a Colômbia vai substituir sua frota de Kfir, e tivemos alguns contatos com eles”, disse Ahlqvist, acrescentando que “será provavelmente dentro de cerca de cinco anos antes que eles precisem de entregas. Mas em muitos desses países, o interesse precisa lidar com os juros, por isso a previsão deve ser mais pra frente. “
Brasil pode também, eventualmente, decidir comprar a versão naval do Gripen para seu porta-aviões, mas a SAAB não está esperando uma decisão para breve.
“O Sea Gripen é parte do acordo de transferência de tecnologia com o Brasil”, disse Nilsson, e um estudo será feito. “Estamos em discussões iniciais para o Sea Gripen, mas vamos ter de ver onde ele vai. Ele provavelmente estará pronto em 2025, se os brasileiros decidirem por ele.”
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE:DefenseNews
Acho interessante estes acordos de transferência de tecnologia, pois não envolvem somente a aviação e partindo desse negócio vimos que foram feitos muitos outros acordos comerciais e é por isto que a Suécia está animada, pois o valor aparente é muito maior do que aparenta. O Brasil vai ganhar com o processo de transferência de tecnologia, mas outros acordos comerciais geraram novas oportunidades de negócios para os dois países. E principalmente a Embraer que ganhou muito com isto, além de outras empresas de defesa.
Agora espero que com este projeto possa dar novos rumos ao desenvolvimento de uma turbina a jato por nossas forças armadas e que já tem projetos de desenvolvimento neste sentido.
minha duvida é até a onde o brasil venderá e ate a onde a suiça venderá ? como estara dividido o mercado sendo que em breve aeronaves serão construidas em territorio brasileiro alguem sabe ? como constitui a divisão de mercado ?
Bom saber destes avanços em posicionamento de mercado, antes confesso que era contra a compra do Gripen porque não o achava adequado para o Brasil mas quem sou eu no final das contas para decretar algo né.
Sendo assim voltei meus olhos e linha de pensamento para o potencial que este vetor tem e que será ampliado na sua mais nova versão “NG” que a FAB adquiriu. Como sistema de armas projetado para ações conjuntas dentro do conceito NCW é sem dúvidas uma aeronave letal.
Temos que lembrar que o Brasil utiliza a mais de uma década as aeronaves E/R-99 que juntamente com os futuros caças vão ampliar a capacidade e quem sabe novas encomendas deste tipo de plataforma não venham a ocorrer.
Olhando o mercado sul-americano dá para ver que algumas nações tem um grande potencial de absorção do Gripen mas tudo isso vai depender e muito das nossas relações exteriores e um MD consistente. Tem espaço e isso vai de uma ótima articulação política.
Agora estou na torcida!